Nova tecnologia de código de barras traz uso inovador para celular Fonte: Economia - iG
Símbolo quase
banal da sociedade de consumo, o código de barras ganhou uma nova e descolada
dimensão. Na forma de um quadrado com inúmeros quadradinhos de diferentes
tamanhos dentro, o QR Code (código de resposta rápida, da sigla em inglês)
permite a um usuário de celular com câmara acessar conteúdo na internet com
apenas um clique.
No país mais
obcecado por celular do mundo, o Japão, o QR Code virou mania. Impresso em
outdoors, camisetas, cartões de visita, classificados ou embalagens, o código é
capaz de armazenar 7 mil caracteres de informação, incluindo músicas, imagens,
endereços de internet e de e-mails. Basta que o código seja fotografado para
que seu conteúdo seja "lido" pelo browser do celular. As
possibilidades são infinitas, tanto em termos de comércio eletrônico como para
a publicidade.
Cerca de 40% dos japoneses já acessaram conteúdo por meio do código de barras.
O uso no Japão é tão generalizado que até os túmulos estão ganhando códigos
bidimensional, permitindo acessar informação sobre o morto. O código a ser
fotografado por estar impresso em qualquer lugar - em outdoors, tecido ou na
tela do computador. É possível, por exemplo, comprar um ingresso mirando o
celular para um outdoor com a propagando de um show.
Fora do Japão, contudo, o uso ainda é experimental. A emissora britânica BBC
iniciou recentemente a venda de DVDs pelo celular utilizando o QR Code. A foto
do código faz baixar no celular um trailer do filme e permite também realizar a
compra. Em Paris, os códigos foram espalhados em pontos de ônibus e permitem
acessar informações sobre horários e trajetos. Em um museu de Viena, algumas
placas para identificação de obras também ganharam códigos, permitindo aos
interessados obter mais informações no celular.
"O uso do QR Code é um caminho sem volta", diz a diretora de serviços
de valor agregado da Claro, Fiamma Zarife. "Temos uma equipe grande para
desmistificar esse mercado."
A operadora lançou uma campanha neste fim de ano baseada no QR code, impresso
em anúncios em jornais e revistas. Ao ler o código com o celular, o usuário era
levado para um hotsite onde ele podia baixar a trilha da campanha. No material
impresso, a operadora dava a dica de como baixar o leitor do código no celular.
A operadora não revela quantos usuários acessaram o hotsite, mas a diretora diz
ter ficado "bastante surpresa com o índice de curiosidade" despertado
pela campanha. "Essa foi nossa campanha mais impactante do ano e teve
também o objetivo de associar nossa imagem à inovação e tecnologia", diz
Fiamma. Além de realizar campanhas "educativas" sobre o uso do QR
Code, a Claro começa a trabalhar parcerias com anunciantes.
Com base na crença de que o brasileiro adora novas tecnologias, começam a
surgir no País empresas dedicadas a desenvolver novos usos para o QR Code. Com
esse objetivo nasceu a Flash Click, empresa de tecnologia que oferece serviços
de comércio eletrônico e de publicidade baseados na interação do celular com o
QR Code.
Um dos serviços oferecidos pela FlashClick permite a venda de música pelo
celular, em parceria com a Labone (empresa que fornece tecnologia para download
de música) e a Paggo (empresa que transforma o celular em meio de pagamento).
"Queremos desmistificar o uso do QR Code, oferecendo serviços prontos para
as empresas usarem essa tecnologia", diz o fundador da Flash Click, Carlos
Teixeira, que também é assessor de inovação da Gol.
O QR Code é visto também como uma plataforma de convergência da mídia impressa
pra mídia digital. Recentemente, o jornal baiano A Tarde e a revista Viagem e
Turismo se tornaram as primeiras publicações jornalísticas a fazer o link
imediato entre o conteúdo de papel para a internet. Anúncios com o código
também começam a surgir na imprensa especializada, como a revista de
publicidade Meio & Mensagem.
Mas o uso do QR Code no Brasil esbarra na questão tecnológica. O Brasil é o
quinto maior mercado para celular no mundo, com 144,8 milhões de aparelhos em
operação. Mas apenas 5% desses aparelhos (7,24 milhões) acessam a internet. Por
outro lado, enquanto no mundo um terço das pessoas troca de celular a cada 18
meses, no Brasil metade das pessoas troca de aparelho nesse mesmo
período.
No Brasil, precisa baixar programa
Diferentemente do Japão, onde todos os aparelhos saem de fábrica habilitados
para ler códigos bidimensionais, no Brasil é preciso baixar um programa que
transforma a câmara em leitor do código de barras. Há diferentes programas,
dependendo do modelo do celular: i-nigma, kaywa, QuickMark e Neo.
O QR Code é uma invenção de uma subsidiária da Toyota. Surgiu em 1994 para
agilizar a produção de carros, uma vez que ele é capaz de armazenar muito mais
informação que o código tradicional. Seis anos depois, a operadora japonesa
DoCoMo adaptou a tecnologia para o celular. As informações são da edição de
domingo do jornal O Estado de S.Paulo.